A Chegada do Ferry

📷  Paulo Camacho  📷
O dia está quente. Muito quente, sobretudo quando o sol vence as nuvens. É quarta-feira, dia 4 de junho de 2018. Sentado na Praça do Mar, ou Praça CR7, como agora está escrito na placa aqui perto, na parede do hotel Pestana CR7 Funchal, delicio-me com um café. Olho a cidade com as nuvens que brincam às escondidas com o astro rei. Não, não é com o Cristiano Ronaldo mas com o sol que ilumina o dia, embora, infelizmente, este verão tarde em vencer as nuvens, que estão a dar uma goleada.
Espero o ferry Volcan de Tijarafe. O horário da empresa indica que aporta às 12h30, 24 horas depois de partir de Portimão. Será a primeira vez nesta temporada de verão com partida do Algarve.
Para surpresa minha, aí pelas 11 horas, sem grandes precisões de minutos, o navio surge apontado para o Porto do Funchal. Uma antecipação acentuada.
Consulto o MarineTraffic. Até saiu mais tarde, às 12h43 do dia anterior. O que quer dizer que veio a acelerar ou então o mar estava inclinado ...

Aproveito para passar os olhos pela leitura que tinha ficado em stand by antes de olhar o céu e levanto-me. Vou calmamente até ao porto, que fica ali mesmo. Olho para a “cabeça” da Pontinha e o navio da Naviera Armas, que está afretado à Empresa de Navegação Madeirense neste verão, faz a manobra para entrar de ré, ou, simplificando em linguagem de estrada, para vir de marcha-atrás.
Não entra com a velocidade rápida que já o vi fazer tantas vezes quando o operador espanhol realizou esta operação sozinho entre junho de 2008 e janeiro de 2012. Nem surge já a descer as rampas de embarque e de desembarque de veículo desde o início da manobra de inversão.
Tem de ficar bem atracado para as descer, uma de cada vez, o que acontece pelas 11h30.

A chegada antecipada do ferry não terá dado tempo a quem pensava assistir. Mesmo assim, estão algumas pessoas. O movimento de carros é acentuado. Alguns dos apreciam tiram fotografias. Outros, ou têm dificuldade para encontrarem o botão ou estão a filmar.
No outro lado da barreira de metal, o movimento é acentuado. Muita gente ligada a diversas entidades, cada uma a desempenhar um papel. Até há cães. Depois de alguma demora, é colocada a escada de portaló no devido lugar. Começam a sair os primeiros passageiros. Vejo largas dezenas.

O sol aquece e o cabelo parece que derrete com o calor intenso. As nuvens sofrem um grande golo.
Os veículos demoram mais a sair, apesar das rampas estarem disponíveis há muito tempo. O primeiro carro a usar uma das quatro rampas verdes do navio branco é um modelo antigo com grande elegância. Sai devagar, não sei se com medo de se partir ou de bater com o fundo no encontro de rampas.
Algum tempo depois surge um autocarro. As cores não me deixam antever o destino. Daí a pouco, até parece que alguém destapa o ralo de uma pia cheia de água. Começam a sair veículos numa sequência acentuada, uns atrás dos outros, na mesma rampa. Entre eles um Mercedes antigo e igualmente uma bomba da mesma marca, mas moderna. Vejo muitas matrículas portuguesas, mas também francesas e inglesas. Os primeiros a sair têm direito a pequenas garrafas de vinho Madeira. No final da operação, muitos carros, que admito não acompanharam qualquer passageiro, são carregados em grandes camiões que os levam.

Já não está quase ninguém a ver o navio que tem partida marcada para Las Palmas, de Grã Canária, às 18 horas.

Até o fim da temporada de verão, as chegadas do Volcan de Tijarafe ao Porto do Funchal vão repetir-se mais 22 vezes, 11 vezes de Santa Cruz de Tenerife e 11 vezes de Portimão. As diferenças vão residir nas horas das viagens de Canárias, cujas chegadas acontecem às segundas-feiras, pelas 08h15, e nas vindas de Portimão, que serão às 12h30 das quartas-feiras, ou mais cedo, se voltar a encontrar o mar a descer...

Paulo Camacho
paulosilvacamacho@gmail.com

in JM 09.07.2018

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