Sofrer para visitar a Acrópole


Estou sentado à entrada da Acrópole, em Atenas. Está um calor insuportável ao sol.

A má organização desta visita ao ícone da capital grega, levou a que não conseguíssemos entrar às 10 horas, apesar de termos comprado os ingressos de 30 euros cada, 20 minutos antes. A entrada seguinte é só às 12h45. Isso mesmo.

É um bom exemplo de gestão mas de difícil digestão quando temos de apanhar uma seca destas, por programar devidamente.

Escrevo estas palavras depois de estar sentado com a Mafalda e o grupo, de 12 pessoas, numa esplanada; ter passeado em lojas de souvenirs; espantado durante algum tempo; ter sentado ao sol e à sombra; ter decidido ir comer uma rodela tradicional; e voltar a sentar perto da entrada.

Ainda são 12h20.

Deu para ver tudo, como uma senhora que se apresenta como guia e faz negócio de bilhetes, vendidos a 60€ cada, com entrada imediata. Fica com os bilhetes de quem já os tem, e o comércio continua, a escassos metros da entrada, nas barbas de toda a gente.

O dia está azul, com poucas nuvens a pincelar o céu.

Está quase na hora de entrar.

Vou para a fila em serpente, já cansado, antes de ingressar. O sol continua quente, muito quente, que me leva a colocar o boné de cabedal que comprei em Instambul, para a chuva.

Ainda esperamos, mas lá chega a hora.

Pelo menos espero que tanta disciplina para entrar represente algum sossego lá no alto da colina, na imponente Acrópole.

Começo a subir. Encontro os primeiros "fotudos" (aqueles que fotografam tudo). O chão é um misto de cimento e de terra batida.

Serpenteia e deparo com o primeiro aglomerado de gente, que não esperava encontrar. Param para fotografar e auto-fotografarem.

Quanto mais subo esbarro com mais pessoas, um mar de pessoas.

Quando chego ao alto, no sopé de um grande conjunto edificado, quase me afogo no mar de gente, que serpenteia para subir até ao topo. As selfies são mais que as colunas da Acrópole.

Que grande aglomerado. Afinal, não sei porque houve tanta gestão...

O calor aperta e quase tudo o que é fotografável, temos de ter criatividade, para evitar as poses irritantes. 

Registo alguns enquadramentos, e as vistas do alto, mas percorro apenas cerca de 1/4 do perímetro.

Regresso daquele chão traiçoeiro que, além das lombas irregulares, tem pedras, que parecem de mármore rosado, que escorrega. E quase experimentava uma queda...

Desci, quase apressado, com o sentido de dever cumprido. O calor aperta e continua muita gente para subir, esperando a sua vez, numa outra entrada, diferente daquela que atravessei.

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